sexta-feira, 8 de maio de 2009

XXI Mandamento: “Não abrirás o Ovo do Chefe!”

“O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo. Deu-lhe este preceito: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente.” (Grifo meu. Fonte: Genêsis 2, 16-17).

"Os tabus da linguagem dividem-se em três grupos de acordo com a sua motivação psicológica: uns são devido ao medo, outros a um sentimento de delicadeza e outros ainda a um sentido de decência e decoro."
(Grifos meus. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabu).

Ao ler o título você, caro leitor, pode pensar que estou falando de alguma técnica cirúrgica aplicada ao vosso superior hierárquico. Sinto muito se o decepciono, mas a postagem não é sobre isto. Então, vamos ao assunto desta postagem:


Páscoa. Em uma empresa com sede na capital paulista, o Departamento de RH estava movimentado (algumas pessoas mais, outras menos) com o “amigo chocolate”.

Depois da troca de ovos, eis que surge, imponente sobre a mesa do Diretor de RH, o seu “tão estimado” Ovo de Páscoa. Luz entre todos os outros ovos. O ovo superior entre todos os outros ovos.

Os gestores e especialistas mais próximos ao Diretor olharam para o Ovo. Alguns deles já estavam acostumados a cometer um 155 com as balinhas finas que o diretor deixava sobre a mesa. Outros já tinham atitudes mais despudoradas e suprimiam as ditas balinhas na presença do Big Boss. Mas algo contra o Ovo de Páscoa seria audácia demais.

Eis então que, para surpresa de “quase” todos, alguém (ou alguns?) com 50% de ousadia sequestrou o Ovo. Não somente sequestrou, como pediu resgate. Um pequeno pedaço da embalagem foi deixado sobre a mesa do chefe: foi a última tentativa desesperada do(s) sequestrador(es).

Então, demonstrando fraqueza para lidar com a situação, o sequestrador devolvel o Ovo totalmente ileso. Agora eu penso: um sequestrador de Ovo mandar um pedacinho da embalagem para tentar fazer chantagem demonstra muita falta de autoridade. É a mesma coisa que o sequestrador de uma pessoa enviar uma mecha do cabelo da vítima para a família. Se o sequestrador quisesse chantagear, deveria usar um dos bombons que estavam dentro do Ovo.

Ovo devolvido, Ovo posto sobre a mesa do Chefe. Eis que o Ovo passou um mês sobre aquele espaço "magno" da mesa. Ele, o Diretor, não o levava para a casa, não mencionava que iria abrí-lo e nem que iria dá-lo de presente a alguém. Sobe o olhar de cobiça de muitas pessoas do Departamento de RH, lá estava ele: O Ovo.

Contudo, ninguém percebeu que o Diretor ansiava para ver quem seria o primeiro a abrir aquele Ovo. Era lógico que ele queria isto: A Páscoa havia passado, ele ia embora e deixava o Ovo abandonado, falava para alguns gerentes que o bendito do Ovo poderia ser aberto... mas o Ovo lá estava, ainda sobre a mesa, incólume.

Até que o caro Diretor resolveu dizer que todos estavam com nota “0” em atitude. Com todas as evidências que ele deixou que o Ovo poderia ser aberto, ninguém teve a audácia de abrí-lo. Porém, dito isto, uma analista resolveu abrir o Ovo e distribuí-lo para a equipe. A-LE-LU-IA!


O Diretor queria que quebrássemos um paradigma, mas o tabu era o muro que impedia esta quebra. Acredito que muitos pensavam: “Ele é amigável, acessível... mas é o chefe. Não posso fazer isto!”.

Internamente, cada um repetia para si uma mandamento considerado valioso: “Não abrirás o Ovo do Chefe!”

Alguns por medo da reação do Diretor, outros por criação, devido ao fato de terem pais que sempre fizeram cara feia quando eles mexiam nas coisas que não lhes pertenciam: ninguém teve a coragem de abrir um ovo que estava prestes a entrar em estado fóssil.


Digno de reflexão: por medo ou pela criação, quantas vezes nos deparamos com situações onde é evidente que determinada atitude deve ser tomada, mas não conseguimos agir? Receiamos receber uma punição por fazer aquilo que é evidentemente necessário?

Pense sobre isto. Eu também estou pensando.

Bom fim de semana.