domingo, 14 de março de 2010

"Nostro Mondo"

Eis um espaço de tela que não é lido pelos nossos queridos.


Pais, mães, irmãos e cônjuges acham este nosso ofício um mero passatempo. Temos que mendigar um pouco de atenção se quisermos que eles vejam nossas postagens. E geralmente, quando eles as veem, não gostam muito do que leem.


Aí me vem a dúvida: "nós do blog" somos "nós da vida real"? Sim e não.


Somos nós, mas usamos a personagem "blogueiro" para que possamos ser aqui, neste espaço.


Escrever... Escrever... Escrever... Para quê? Por quê? Para quem? Por que não estar agora vendo o Faustão na TV? Por que não se arriscar a reler um clássico da literatura?


Escrever é a nossa sina. Escrever é nosso ópio, nosso chamado, nossa vocação. E para isto não há muita explicação.

A Loira do Banheiro.

Se você viveu seu período escolar na cidade, então você conhece muito bem esta lenda urbana que serve de base para minha postagem.


Quando eu era pequeno, ia no banheiro da escola com vontade de ir fazer xixi. Porém, enquanto eu estava urinando, se eu me lembrasse daquela história da Loira do Banheiro, sentia também uma vontade de cagar. Juro! Urinava rapidinho e corria para a sala de aula. Era horrível não ter ninguém que quisesse ir ao banheiro comigo.

A sensação de ter alguém no banheiro era muito forte. Coisas de uma cabeça infantil. Uma cabeça que além de grande (segundo meu tio, rs) era também muito imaginativa.

Engraçado: eu era bastante medroso com relação as histórias e filmes de terror, mas hoje é um dos gêneros de que eu mais gosto. Acredito que me acostumei, ao longo dos anos, a ver este tipo de filme e a ouvir esta vertente de histórias para perder o medo.

Hoje, quem sofre com estas histórias é minha esposa, que sempre teve medo e que ainda fecha os olhos quando estamos vendo um filme e o "bicho" aparece na tela.

Me tornei ainda um bom contador de histórias de terror. Quando eu conto estas histórias para as crianças (a pedido delas), as pequenas criaturinhas chegam a ter pesadelos. Afinal, de tanto sentir medo na infância, eu aprendi o que faz causar medo. E é isto que coloco em minhas histórias.

Confesso: perdi o medo, mas ainda não me atrevi, estando sozinho no banheiro, a olhar no espelho e chamar por três vezes pela tal loira, ou então a dar as famosas três descargas (o que desperdiça muita água) para que a criatura apareça com a roupa toda ensanguentada e com algodão no nariz.

Quando a gente cresce, a tendência é que nossos medos mudem.

Não temos mais medo do escuro. Temos medo é de assaltos.
Não temos mais medo do "grandalhão" da escola. O medo é o de perdermos o emprego.
Temos medo de sermos vítimas de sequestro relâmpago, pois abdução por alienígenas é uma coisa que já não nos assusta muito.

E eu tenho que admitir que o meu maior medo não seria encontrar-me com a loira do banheiro. O medo de verdade seria se minha esposa me encontrasse no banheiro com uma loira e eu tivesse que explicar que ela apareceu ali de maneira sobrenatural. Esta seria a mais horripilante história de terror (para mim) e com um desfecho trágico (para mim). Este é o tipo de coisa que (hoje) me faria cagar de medo.

Boa semana a todos.




quinta-feira, 11 de março de 2010

Quando eu me for.

Depois de um tempo sem escrever pela correria do trabalho e da faculdade, eis que volto a escrever.

Minha esposa queria que eu fosse dormir, que aproveitasse o tempo para descansar. "Artigo para o blog você pode fazer no sábado!" - disse ela.

Mas eu não resisti. Quem me garante que eu chegarei ao sábado? E se eu me for?

Por isso, resolvi não passar a vontade de escrever. Vontade de escrever para para mim é igual fome: é o tipo de coisa que tem que ser resolvida logo.

Então, vamos ao texto.


Quando eu me for, quero deixar meu exemplo como herança
e a minha Fé como testamento.
Eu irei desta vida, mas não quero sair da lembrança
de quem, comigo, soube aproveitar o momento.


Quando eu me for, os amigos podem chorar.
É justo, pois pela perda deles eu desabaria em prantos também,
pedindo a Deus consolo para o coração, eu começaria a orar
numa oração tão longa, sem previsão de chegar no "Amém".


Quando eu me for, quero ir para aguardar a chegada daquela que é meu amor.
Já não seremos marido e mulher, mas seremos como anjos do Céu.
A Deus cantaremos um eterno louvor.


Quando eu me for, quero estar com as contas morais em dia.
Quero poder fazer um último verso sem me importar com a rima
e partir sabendo que a vida é a encenação de uma grande poesia.