sexta-feira, 25 de setembro de 2009

"Basicofobia"

Uma amiga vira para outra e, referindo-se a uma terceira pessoa, diz: "Nossa, como ela está básica!"

Um colega vai ensinar algo para o outro e solta essa: "Cara, não se preocupe. Isto aqui é só o básico!"

Tudo bem que a palavra vai ganhando significações distintas ao longo do tempo, mas quero resgatar um pouco sobre a ideia de que fazer o "básico" é, de fato, formar as bases.

Imagine você no vigésimo quinto andar de um prédio e, de lá de cima, você fica sabendo que, quando aquele edifício foi construído, o engenheiro deu a seguinte ordem para o Mestre de Obras e para sua equipe: "Pessoal, não se preocupem em fazer uma base sólida, pois ninguém a verá mesmo! Isto é só o básico! Vamos nos preocupar com a parte de cima, onde todos poderão contemplar o nosso trabalho!"

O básico é o essencial. Tirando a essência, as coisas deixam de ser o que são. Tirando o básico, removendo as bases, tudo desmorona, tudo vira pó, tudo vira nada, pois não há fundamento para sustentar coisa alguma.

Porém, no mundo rebuscado e incrementado de hoje é quase um pecado dizer que algo é "básico". Na esfera corporativa, onde o cafezinho é coffe-break o a levantamento de ideias é brainstorming, o medo de dizer "básico" aparece principalmente quando esta palavra torna-se um adjetivo para descrever um trabalho que realizamos. Em nossa linguagem fica impressa a "basicofobia" que existe em nossas esferas de convívio.

Não tenhamos o medo de realizar o básico, pois como refletimos, sem o básico nada há e nada é.

Contudo, lembremo-nos sempre: quanto mais forte e bem trabalhada é a base, maior é o peso que espera-se colocar sobre ela.

Façamos o básico, lembrando que o motivo que temos para fazê-lo é que ele sustentará coisas grandiosas.